"Nesta peça de Eduardo Souto Moura cruzam-se as noções de equipamento, com requisitos técnicos
imperiosos, de público, a acolher e a
ter de ver a partir dela, de respeito pelo corpo natural, obrigando a soluções de arte na utilidade arquitectónica.
O estádio de futebol de Braga, motivado por um torneio
internacional de futebol, criado para acolher encontros desportivos com um
público muito específico e obrigando a regras claras de concepção e
centralidade (é o relvado que está no centro), levou a um dimensionamento
correto e equilibrado do corpo das bancadas laterais, abrindo sobre as
pedras que a natureza depositou no local. O arquitecto deixou no
jogo entre o peso do construído e do existente a possibilidade de um
“respirar espaço” em que cada um pode intervir com a fineza e o
cuidado criado na concepção das linhas executadas.
Trabalho de técnica com vista a uma utilização pré-definida
e permitindo o nascer de arte, de traço, de diferença, é um exemplo
contemporâneo da procura de controlo dos volumes urbanos pelo homem que os usufrui.
Jogadores, árbitros, público. Corpos em campo e em bancada,
de maioria masculina, com funções e de compleição física capaz
de "jogar"o jogo ou de "sofrer" o jogo.
No mundo dos gregos, sob a luz do sol mediterrânico
impunha-se no estádio masculino, um corpo esteticamente trabalhado, capaz
de jogar e de agradar aos espectadores. A dignificação do corpo encerra
a mundo visão do Homem belo e bom (kalos kai aghatos) que dá
forma a toda a cultura helénica."
Cf Programa de História da Cultura e das Artes. Curso Profissionais de Nível Secundário, 2005
Eduardo Souto de Moura - Estádio Municipal de Braga, 2003 |
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